quinta-feira, 29 de abril de 2010

Você já fez a reforma?...


Você já ouviu falar em reforma? [Tá bom, impaciente leitor... pode dizer: “claro que sim, né Pedro Bó?”]

Pois sim... reforma pode ter vários significados, dependendo que você esteja querendo dizer e/ou aplicar. Lembrei inclusive agora (sabe Deus por que) dos tempos que eu estudava (e nada entendia) a reforma protestante de Lutero nas aulas de Solange Paron [triste lembrança, diga-se de passagem. Não me lembro de algum(a) professor(a) tão pernóstico(a)!].

Mas deixemos essa (e as demais) reforma(s) de lado, porque não é dela(s) que vou falar...

Depois do período de hibernação, queria mesmo é falar um pouco sobre reforma íntima. Ja ouviram falar?

Das diversas (e põe diversas nisso!) possibilidades de significado, o termo reforma quer dizer retificação, mudança. Mas, falando mais na nossa linguagem cotidiana, significa, também, melhoria, aprimoramento, dar melhor forma a alguma coisa.
Quando dizemos que vamos fazer uma reforma em nossa casa, isto não significa que ela esteja ruim. Pode simplesmente querer dizer que desejamos melhorá-la, ampliá-la, torná-la mais confortável.
Assim, a reforma pode compreender uma nova pintura externa, porque a atual está começando a descascar ou se encontra desbotada, pelo longo tempo de inexorável exposição às intempéries.

Durante uma inspeção mais a fundo, poderemos descobrir que precisamos substituir o assoalho de um cômodo, uma parede, um pedaço do teto. Talvez substituir algumas telhas quebradas ou consertar as calhas.
Mas, por outro lado, com toda certeza, haveremos de encontrar na casa que nos dispomos a reformar, um cômodo quase ideal, que, ao menos no momento, não precisa nenhum retoque.
É um lugar aconchegante, com boa iluminação, móveis bem colocados, pintura excelente. Enfim, ali tudo está bem e não necessitará ser tocado, por enquanto.

Sou capaz de apostar que na cabeça de muitos de vocês que estão me dando o prazer na leitura atenciosa até então passou-se um filme e a idéia proeminente de que há muito o que ser feito. Que a reforma íntima, coisa a qual nunca sequer sonhou que existia, de repente se tornou imperiosa e será mais avassaladora que a faxina que fazemos no nosso quarto de vez em quando.
Sendo assim, é bem possível também que sua mente tenha remetido que muita coisa em você está errada e necessita ser reformulada, que você é portador somente de coisas negativas, ruins, que devem ser modificadas.
Lhes digo isso pois aconteceu comigo assim que eu li alguns textos alusivos a este tema nos últimos dias por motivos de força maior.

Mas é lógico! Temos a tendência de apontar os defeitos do outro quando estamos com os outros, mas quando estamos sós temos a (triste) constatação de que os nossos “apontamentos” todos voltam contra nós, com o dobro da força que o deferimos ao semelhante. E o diabo é quando fazemos isso com as pessoas as quais mais amamos. Aí mesmo é que parece que o negócio vem e vem de com força!

Como toda reforma tem a ver com uma certa desarrumação, sujeira, madeira e pó, quando iniciamos a reforma íntima, por vezes vamos nos sentir como se tudo estivesse muito mal.
Parecer-nos-á que só temos defeitos e não os iremos superar nunca.
Devemos ter paciência conosco! O mundo também precisa ter, mas se não tiver temos que continuar nossa caminhada com o máximo de paz possível, pois a natureza não dá saltos. Alguns vícios são muito antigos, de muitos anos, e precisam de tempo para ser modificados. Talvez por isso o isolamento seja preponderante, necessário, imperioso em algumas horas.

Analisando as nossas disposições individuais, a nossa forma de ser, de pensar e de agir, vamos descobrir que temos defeitos, sim. Porém, peço calma àqueles que já estão pensando em se jogar do viaduto Canô Veloso, Paralela abaixo! Nós também temos (e como temos!!!) nossas virtudes. Os defeitos são aqueles dos quais devemos nos libertar. Naturalmente, pouco a pouco.
Exatamente como a reforma de qualquer casa, quer seja por condições financeiras, quer seja por condições técnicas, não se faz de um dia para o outro.
Tempo, esforço, atenção, coração e razão (sim! Estes dois últimos, que dizem que andam separados, dessa vez juntos!) é do que precisamos para nos liberar de pequenos e grandes defeitos: é o ciúme que teima em aparecer, a impaciência que nos faz explodir por quase nada, o egoísmo falando mais alto.

Mesmo com todos os fatores e ingredientes necessários, não quer dizer que a reforma íntima deixe tudo nas CNTP logo na primeira fase. Mas nossa obrigação é correr atrás com o vassourão e esfregar até o teto a fim de que nem aquela imperceptível teia de aranha marrom escape do nosso alcance.

Um dia, quando a reforma estiver completa, tudo estará arrumado, bem disposto, no lugar correto. Sim! Pois ela só vai estar completa quando conseguirmos enxergar esse cenário.
E, é claro, nossa alma estará feliz e leve, como se estivesse enfeitada com flores vistosas nos vasos delicados das virtudes conquistadas.

Eu estou tentando fazer a minha.
E você?

Sds.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

De volta da hibernação...

Quem me conhece sabe que eu tinha prometido a todos e a mim mesmo que escreveria um texto por semana aqui no blog. Pior que prometer aos outros e não cumprir é prometer à sua própria consciência e falhar. Aí é uma desgraça, porque se tem alguém com quem você não pode falhar é consigo.
Aí, pegando o fio do "falhar consigo", fico pensando como as pessoas algumas vezes se acham no direito de dizer a você que você não está falando a verdade, principalmente nos momentos onde você está com a maior pureza d'alma que pode existir nesse mundo.

Affff.... tenho horror a este termo "pureza d'alma"... acho de uma viadagem do cacete!!!
Opa! Atualmente não posso escrever viadagem em meios públicos de comunicação tendo em vista que posso receber um processo nas costas - lá ele!!!... Nem aqueles termos charmosos como homossexual e homofóbico... o termo certo agora, dizem, é homoafetivo.
Engraçado é que tenho dois amigos muito queridos que são homo e eles mesmos acham esse monte de nomenclaturas uma tremenda viadagem!

Mas, voltando ao assunto que comecei, não necessariamente eu escreveria. Poderia ser uma citação de um amigo, de uma pessoa (des)conhecida. Qualquer coisa...
Poderia escrever aqui a letra da música que estou ouvindo agora... "Não Mais", de Victor & Leo. Lindíssima. Letra curta, fácil, melodia incrível, musicalidade perfeita, não dá pra cansar de ouvir. Diria eu que é uma versão de Blessed, de Elton John, na língua brasilis. Harmônica muito próxima uma da outra, viagem mental também.
Lamentavelmente algumas pessoas torcem o nariz quando sabem que a música é de Victor & Leo - como também acontece com Elton - sem sequer ouvir, por puro preconceito, mas fazer o que? Eu também não tenho nenhuma música certos artistas que muita gente acha o máximo... coisas da vida!

E o CARNAVAL? Acabou mesmo? Parece que tá todo mundo ainda meio que "Rebolation (tion, tion) na base do beijo" até Março, como de praxe. Viva a Bahia, terra da alegria e da magia! rsrs.
Dia 21 ainda tem ressaca da amada Timba (só quem chama de Timba é quem ama). Aliás, não gostei das passagens da Timba no carnaval. Bartira me disse ontem que adorou. Achei Denny mecânico pra dedéu. Muito diferente do entusiasmo que vi no ano passado e de dentro das cordas. Mas, como sabemos, a Timba é a Timba. Não é um Jammil qualquer...
Por falar em Jammil e em Bartira, essa última tem razão: "tchau, I have to go now" é uma mostra clara do que é o Ó do borogodó!!! Questão de opinião, sem desmerecer o trabalho de ninguém. Apenas acho que a temática das músicas do Jammil é sempre a mesma: praia, verão, curtição, baladas, malhação, ficação. Isso foge um pouco a realidade que se vive, mas tudo bem. Eles fazem sucesso, principalmente com os adolescentes.
E viva a democracia que permite que o bloco e os ensaios deles andem cheios. Fazer o que, cidadão?! Que Deus os abençoe e a mim não desampare jamé!

Ainda sobre Carnaval, mas desta vez do meu, digo aos senhores que Ivete Sangalo é Ivete Sangalo - o resto que se corte!
O bloco Salvador o qual saí sexta não é o Coruja, mas foi uma delícia... Ivete é uma avalanche, não de bobagens como ela mesma citou no início quando surgiu vestida de "cracatua/cracaminha do axé" (kkkkkkkkk). Ela é sim uma avalanche de sucesso, de carisma, de know-how, de fervor, de força, de beleza, de gostosura.... Maravilhoso. Valeu a pena cada dor no pé. Se eu ficar falando dessa mulher ia criar mais uns 2 posts imensos. Pra mim já basta que ela é Vitória, é linda, canta pra dedéu, tem um talento e um brilho incríveis e é uma pessoa do povo! Até porque CHEGA desses artistas que tem por aí que se dizem do povo e só sabem andar cercado de dezenas de seguranças...
No sábado, meti a mão no bolso e fui pro Planeta Othon All In. Confesso que esperava mais, tanto pelo preço quanto pela fama. A localização é que eu acho que é o pior de tudo - já é quase no final do percurso e, pra meu azar, foi justamente no dia do acidente com a fiação que fez com que todos os trios tivessem que concluir o percurso justamente ali. Affffffffffffffff... Mas tipo, deu pra curtir legal, tomei meu Red Label com tranquilidade, me apertei pra ver Ivete passar e ver a Timba. Vi também situações pitorescas como os dois travecões da porra lá dentro, todas apertadinhas e cheias de si, bem como a mulher baixo astral e bêbada que rumou algum líquido na cara da moça da segurança e quase leva um murraço na cara desta última...
A estrutura interna é muito bonita, mas parece faltar pessoal pra comportar em dias mais cheios... tive essa impressão. Os shows internos naquele dia (sab) do grupo de samba e de MC Sapão foram ótimos.
Ou seja, o Planeta Othon é bom, mas NÃO vale o quanto pesa, sacou? Porém, tudo na vida é aprendizado e valerá pros próximos carnavais...
De domingo a terça, maresia total... mas sem reclamar. AMO ficar de bobeira, deitado a beira da lareira, mas sempre respeitando a fronteira.

Dia 19 e restam apenas 11 dias de férias... parece que foi ontem que saí e já tá acabando. Não reclamo de nada. Apenas uma pena que não fiz minha viagem pelo NE que eu tanto sonhava fazer e esse ano consegui juntar a grana pra tal, mas Deus sabe o que faz. Se eu não fui é porque não era pra ir. Creio MUITO nisso.

Ontem, pela primeira vez na vida, estive no estádio de Pituaçu pra assistir ao jogo 100 de Viáfara com a camisa do Leão... de fato, ele merece. Ele é meio destemperado às vezes, mas é um grande goleiro, e agora é o estrangeiro que mais vestiu a nossa camisa. Parabéns e obrigado, 'El Paredon'!
O estádio é muito bonito até chegar no campo... muuuito pior do que o campo do Barradão nos tempos em que íamos, eu e Chokitão, ver os caras pintar os buracos sem grama com tinta verde pra amenizar a situação periclitante. Mas pra os times que, nas CNTP, jogam lá - de 2ª, 3ª e sem divisão nacional - tá de bom tamanho!!!
Quanto ao nosso time, ainda precisa de ajustes... 3x1 no Fluminense de Feira (de Feira de Santana, viu Bartira!? kkkkkk) demonstrou que ainda estamos looooooonge do ideal, porém também bem melhores do que quando começamos em Janeiro.
Tenham paciência com Ricardo.

Queimadas, tou voltando... pretendo ir nos próximos dias, ver meu povo, visitar meus amigos, ir na minha feirinha fazer várias comprinhas que só podem ser feitas no interior, comer o bolo de cenoura de minha tia (inigualável) respirar o ar do interior, ficar de bob, numa nice.

Por falar na terrinha, saudades dos meus melhores amigos os quais vivem longe...
Estive pensando esses dias nos irmãos distantes... Mari, Van, Dai, Ana Lúcia, Chokito, Alexandre... Aqui ficaram pouquíssimos.
Porque será que a vida parece insistir em nos afastar das pessoas as quais mais nos identificamos e/ou mais queremos estar perto? Acho que vou escrever depois um post sobre isso...

No mais, minhas orações e vibrações mais positivas (as quais NÃO dependem de uma religião para) vão pra tia Help em mais uma luta contra o câncer. Guerreiras como são ela e a filha me faz focar na certeza de mais uma vitória.

Jah abençoe a todos...
E, sem perder o momento mais do que propício, AXÉ!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Olho por dente, dente por olho...

Uma pessoa muito querida me disse esses dias que, recentemente, estava morando em uma casa cujos vizinhos eram terríveis.
Eram maledicentes, mexeriqueiros, barulhentos e briguentos. Alguns dos filhos destes até tinham o hábito de se apropriar dos bens alheios. Eram um espinho na carne da vizinhança.

Perto do terreno dela havia um pessegueiro maltratado que fazia sombra na janela da cozinha deles. Quando chegava a primavera, a velha árvore conseguia, a muito esforço, produzir algumas folhas e flores.
As flores se transformavam em pêssegos minúsculos, verdes e duros que nunca chegavam a amadurecer. Só serviam mesmo para que os vizinhos os apanhassem e jogassem longe.

Certo dia, a mãe dela decidiu mandar cortar a árvore, para colocar flores em seu lugar.
Não demorou muito para que sua decisão chegasse aos ouvidos dos vizinhos.
Eles pediram que ela não cortasse a árvore, porque aquela era a única que havia para dar sombra na sua cozinha, que tinha um teto plano e ficava exposta ao sol inclemente daquela localidade.
Seria uma cena tentadora ver aqueles vizinhos, que somente irritavam a todos, sufocar no calor da cozinha. Mas a mãe dessa pessoa, criatura de uma fé emocionante e inabalável, acreditava, dentro da sua concepção de vida, que a forma a qual deveria se portar jamais poderia ser essa.  Assim, a árvore não foi cortada.

Quando a primavera chegou naquele ano, uma coisa maravilhosa aconteceu com o pessegueiro.
Os velhos galhos secos começaram a florescer. As flores se transformaram nos conhecidos pêssegos pequenos, verdes e duros. Mas, maravilha das maravilhas, foi que estes amadureceram e se tornaram frutos doces e deliciosos.
A mãe desta pessoa distribuiu alguns aos vizinhos, inclusive aos desagradáveis, e preparou vidros de conserva em quantidade suficiente para durar até o ano seguinte.
Depois de alguns meses, os vizinhos se mudaram dali. A árvore nunca mais produziu bons frutos. Foi só naquele ano.


"Não sei ...", me disse a querida pessoa, "... porque aquilo aconteceu. Mas de uma coisa eu sei: se minha mãe tivesse retribuído o mal com mal, nada teria acontecido, porque não haveria árvore. E, melhor do que tudo, eu teria perdido uma bela experiência e uma das lições mais profundas de minha vida. Mamãe teve a oportunidade de revidar. Entretanto, preferiu semear amor e recebeu como recompensa uma maravilhosa colheita.

Houve a colheita da árvore, mas também houve uma colheita no coração dela, no meu e no de muitas outras pessoas."

***
Pra vocês que leram e/ou se identificaram (ou identificaram alguém), fica a reflexão...
Quanto tempo nós perdemos fazendo com que as pessoas sintam em si o que elas, um dia, nos fez sentir de ruim?
Será mesmo esta a melhor forma de ser justo?
É fazendo igual que se mostra, ou fazendo diferente é que se cala?

Abz!